+EXTREMOS






Experimental, extraordinário, extremo. O sufixo que exprime o fora expõe as zonas críticas de paisagens internas e externas. Quando a arte eleva  o campo do vivido ao seu grau extremo de intensidade, zonas críticas do pensamento parecem se estratificar, formando sedimentações na mente (parafraseando Robert Smithson), fissuras ao aberto, ao fora, ao cosmos. O que as artistas Adriana Tabalipa, Cláudia Paim e Dione Veiga Vieira propõem, implica em  estabelecer uma relação com o saber, sentir e pensar através dos extremos da consciência. Materialidades distintas, imagens, corpo, som. Cruzando estes elementos, criam-se combinações de olhares propositivos, experimentais, fora do perímetro habitual da vida ordinária. O que nos dão a ver, sentir, pensar e escutar, dilata nossa relação com a existência, constituída pela insistência no porvir. Poéticas que se misturam, obras em trânsito, acontecimentos. Extremos nos colocam em suspensão.

Cláudia e Dione já haviam realizado uma primeira edição desta mostra no ano de 2013, no Plataforma Espaço de Criação, em Porto Alegre. Evidenciava-se naquele momento a maturação de um processo de trabalho em dupla, onde as especificidades das suas poéticas alimentavam-se mutuamente numa rica troca afetiva. As linguagens apresentadas naquela ocasião, fotografia, vídeo, instalação e performance, retornam nesta exposição, potencializadas por um novo encontro.Agora, no Espaço Cultural Feevale, em Novo Hamburgo, as duas artistas convidaram Adriana Tabalipa, que procurou fazer um diálogo com as suas obras, realizando uma instalação formada por desenhos com formas orgânicas, numa intersecção direta com os materiais utilizados por Dione e Cláudia. Ressalta-se um sentimento de mistura com a natureza, no que esta oferece enquanto campo de existência para o corpo. Espaço de espraiamento dos sentidos. Cláudia apresenta uma performance na qual articula elementos advindos de uma experiência direta: conchas, ruídos, sonoridades que parecem emergir de uma praia imaginária, de um litoral situado nas imediações da ficção, nas extremidades do real.

Misturas e trocas de percepções fazem desta exposição um exercício de alteridade e generosidade entre as artistas. Como se um dos materiais expressivos mais potente deste processo em trânsito fosse a aproximação entre Adriana, Cláudia e Dione.